quinta-feira, 3 de abril de 2014

Protesto de uma poetisa

Minha vontade era escrever algo que tocasse o coração de todos. Mas sinto que, cada vez mais, a poesia vem se esvaindo de mim. O mundo anda muito caótico, e isso tem feito uma reviravolta em meu interior. Essa falta de amor, de tolerância pelo qual a humanidade vem passando tem me assustado e vem calando minhas palavras, minha poesia. Tudo tornou-se opaco e as palavras perderam o viço.  Sinto como se minha bateria de tesão literário estivesse descarregada. Este é um protesto silencioso de uma poetisa enferma.  Que saudade daqueles arrepios, sinais que a minha sintonia com o cosmos estava no nível mais alto, e só bastava eu colocar no papel todo meu encantamento. Agora tudo está tão cinza e vazio.Cadê o canto dos pássaros? Cadê aquela brisa leve que mais parecia música aos meus ouvidos? Cadê a alegria ao presenciar o desabrochar de uma flor? Cadê o encanto perante o sorriso de uma criança? Olho a minha volta, mas não vejo. Estou cega, perdi o que mais importa a um poeta, a visão do coração. Foi embora assim sem deixar rastros. Isso não deveria ser permitido.

Leila Bomfim
    

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua visita me deixa muito feliz!