Costumo dizer que roubo recortes do tempo, dou uma chacoalhada
para aparar as arestas e colocar em evidência detalhes que muitas vezes nos
passam despercebidos. Porém, em uma tarde dessas, o tempo me pregou uma peça e me fez parar por alguns minutos. O senhor
do destino, estava ali como se estivesse imortalizado. Devo acrescentar que o local era uma avenida movimentada com grandes
lojas. Em meio a tantas construções imponentes, uma casa que parecia abandonada me chamou a atenção.
Na frente, um jardim tomado por plantas rasteiras exibia uma cena digna de
encher os olhos de qualquer fotógrafo, e é claro que eu não podia deixar de
registrar. Peguei minha câmera e comecei os cliques. Uma grade enferrujada
cercava todo o jardim. Do lado de dentro em uma mesa empoeirada uma máquina
de escrever totalmente enferrujada, ao lado uma xícara azul que abrigava uma suculenta, e no
chão uma banheira antiga forrada de plantas rasteiras dava o retoque final àquela
cena inusitada. Muitas pessoas passavam olhavam, mas não viam. O belo exige olhos treinados. Os objetos de meu deleite estavam cobertos de folhas e
corroídos pelo tempo, ali presos àquele momento de uma forma tão serena... Era
quase possível visualizar dedos ágeis matraqueando aquelas teclas, a xícara
ainda esperava que seu líquido fosse sorvido, e a banheira, em vez de musgos, abrigava
um corpo perfumado, imerso em muita espuma. Que belos recortes eu pude roubar
naquela tarde...
Você faz descrições com muita poesia! Muito bonito!
ResponderExcluirObrigada William Melo...
ExcluirBela e profunda mensagem amiga. " A verdadeira essência das coisas só o coração pode ver, com a sensível e divina alma que o faz viver" Elias Akhenaton. A beleza, a singeleza, a simplicidade, estão nos pequenos detalhes que só são vistos e contemplados com os olhos do coração. Parabéns e obrigado pela partilha. Abraços literários.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigada Elias Akhenaton
Excluir