Lá
estava Bárbara na fila imensa que se formou em torno do muro da casa que fazia doação de cestas para famílias necessitadas Era Natal, ela observava atentamente cada uma daquelas
famílias que aguardavam ansiosas por aquele saco transparente que continha mantimentos,
roupas e brinquedos.Ela e sua família não eram diferentes, sua mãe
e mais quatro irmãos aguardavam sua vez. As luzes do natal não estavam presentes naquelas
faces endurecidas pela difícil realidade. Não almejavam ceias fartas com o sonhado peru assado, nem tampouco
presentes embaixo de uma árvore de natal. Tudo era apenas cenas distantes vistas em comerciais de televisão. Para as crianças a felicidade parecia se esconder dentro daquela cesta. Eram bolas, bonecas, carrinhos cujas cores vibrantes sobressaíam no
saco transparente. Bárbara estava receosa, pois tinha mais quatro irmãos. A
disputa pelos brinquedos sempre acabavam em brigas. Em um relance ela olhou para
o rosto da mãe, procurou encontrar naquele face um traço de alegria . A vida difícil a tornara uma mulher dura. Era muito difícil ver
um sorriso naqueles lábios, um afago então era coisa rara. Ela tinha um lenço vermelho na cabeça, preparado especialmente
para receber a cesta. Bárbara se contagiava com a algazarra das
crianças a cada saco recheado de brinquedos que saia, enquanto a mãe executava sempre os mesmos movimentos, passo após passo, sem ao menos olhar para os lados. Reparou que os outros adultos que estavam ali não eram diferentes, pareciam cabisbaixos.
Ela parou o
devaneio em que se encontrava quando percebeu que sua vez de receber os donativos
estava próxima. Seu coração acelerou, tentava ficar na ponta dos pés para
visualizar melhor o que se passava por trás daquele pequeno portão, para isso enfiou-se
por entre as pernas dos adultos a sua frente.O barulho e agitação das crianças atrapalhavam a circulação das pessoas que iriam retirar a cesta. Os adultos pareciam robôs apáticos seguindo uma
sequencia de movimentos, enquanto as crianças se deslumbravam diante de toda
aquela expectativa. Bárbara e seus quatro
irmãos agarraram ao portão e olharam para a quantidade de cestas dispostas naquele
imenso jardim. Uma mulher pegou a senha e olhou para eles com um sorriso largo.
Logo em seguida apareceu transportando a cesta em um carrinho de feira. Bárbara
só tinha olhos para a bola colorida, para uma caixa grande que parecia ser um
jogo de tabuleiro, um lindo urso de pelúcia e para alguns livros. A felicidade
não cabia no peito. Ajudou a mãe a colocar a cesta na cabeça. Sua casa não
ficava muito longe dali, algumas paradas seriam necessárias para recobrar o
fôlego. A mãe ia equilibrando a cesta na cabeça, os passos eram curtos e firmes. Bárbara e os irmãos iam pulando
atrás tentando descobrir outros brinquedos entre os vãos dos alimentos que
se dispunham dentro cesta.
Aqueles brinquedos iriam enganar o corpo e alimentar a alma no mundo do faz de conta.
Aqueles brinquedos iriam enganar o corpo e alimentar a alma no mundo do faz de conta.
Gostei muito deste Conto! Tanto que, me deu comichão de fazer outra edição do Contos e Prosas pra poder publicá-lo, quem sabe?
ResponderExcluirBeijo, linda jovem!
Olá, linda jovem! Andas sumida, hein?,,, Apareças, tenho saudades!
ResponderExcluirAh, agora sim! Agora estou contente, pois afinal apareceste!
ResponderExcluirBeijo.
Belíssimo conto, Leila! O titulo também, muito bom, sugestivo. Títulos são importantíssimos! Tem coisas que mais que o corpo alimentam a alma, como um medico que atende o paciente com cordialidade e um sorriso, aquele que chega aflito, preocupado, um bom dia, boa tarde, boa noite, um brinquedo como disse, um carinho, um aperto de mão, um abraço... Gostei!
ResponderExcluirOlá, querida!
ResponderExcluirVim para deixar-te os meus votos de um Feliz Natal.
Abraço.
Gostei!
ResponderExcluirAssim se fez Natal!
Um próspero 2015 repleto de tudo aquilo que almejas.
http://diogo-mar.blogspot.com/