quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Muito corpo para pouco conteúdo

      
      Estava eu no setor de frutas e legumes de um supermercado quando tudo aconteceu. Eu olhei para ele, ele olhou para mim e foi paixão a primeira vista. Um arrepio percorreu todo o meu corpo. Quanta elegância! Eu só tinha olhos para ele. Chamei a minha amiga, que estava próximo para contar a minha descoberta. Ela olhou e disse: “Normal!”. Quanta insensibilidade, ele poderia ser tudo, menos normal. Ela continuou o que estava fazendo, enquanto eu descansava meus olhos naquele colírio da natureza. Era a primeira vez que o via por ali. Deveria ser gringo, parecia meio deslocado.
     Aproximei-me com cuidado, ele permaneceu inerte aguardando a minha aproximação. Que cor linda! O cheiro então, nem se fala. Não resisti, e tocá-lo foi inevitável. Os meus dedos tatearam sua pele, seu cheiro me transportou para um longo passeio através dos sentidos. Naquele momento só existia eu e ele. De repente uma roda de carrinho tirou-me do torpor em que me encontrava. Uma dor lancinante me trouxe de volta à realidade.
    É claro que naquela tarde mesmo o levei para casa. Não via a hora de apertá-lo. Qual não foi a minha surpresa, quando percebi que ele tinha pouco conteúdo para muito corpo. Toda aquela pompa para nada! Quanto desperdício! Quanto mais eu apertava, menos caldo saia. Meus sentidos foram duramente enganados por um Limão Siciliano...                                                                       


Um comentário:

Sua visita me deixa muito feliz!