Nunca me dei muito bem com o tédio. Sempre dava um jeito de escapulir quando sentia um vazio na alma, uma vontade imensa de sentir o vento no rosto. Resolvi ir à livraria Cultura em um dia desses em que o tempo parece passar devagar. Decidi que tornaria aquele dia especial.
Chegando a livraria comecei a busca por
títulos que me interessassem. Meus olhos
pareciam de criança quando entra em uma loja de brinquedos. Peguei alguns exemplares e comecei a
folheá-los. Passei horas olhando e conhecendo autores novos. Comprei alguns de
meu interesse e saí.
Já era meio dia quando resolvi ir almoçar.
Caprichei no prato, escolhi alimentos bem coloridos que combinassem com o meu
ideal de dia especial. Infelizmente
naquele horário era meio difícil encontrar uma mesa desocupada. Com muita
paciência procurei uma mesa para sentar, mas todas estavam ocupadas, resolvi então
compartilhar uma mesa com um rapaz e duas moças.
Não estava me sentindo muito confortável, o
trio falava muito alto e ria muito. Eu preferia um lugar mais tranquilo, mas
não tive escolha.
Comecei a comer não me importando com a
algazarra ao lado. Sempre gostei muito de observar as pessoas, mas ser
observada me causava certo desconforto. O estabelecimento estava repleto de
pessoas de todas as tribos. Dei uma olhada analisando cada tipo e de repente
percebi que estava sendo observada. Um rapaz bonito de estatura mediana,
cabelos negros, olhos claros, rosto bem desenhado estava olhando em minha
direção. Olhei para o lado, pensando que
ele poderia estar olhando outra pessoa, mas estava enganada. Resolvi ignorá-lo
e continuei comendo, no entanto percebi que ele ainda estava lá, como uma
estátua em meio aos transeuntes a me observar.
Aquilo
estava me deixando muito constrangida. Definitivamente decidi que aquele
pervertido lindo, não iria estragar o meu dia. Resolvi ver as minhas mensagens
no celular. As pessoas ao meu lado continuavam
a conversar animadamente. De repente notei que ele estava vindo em minha
direção. Meu coração acelerou e minha mão ficou gelada. Aquele momento pareceu
uma eternidade, era como se ele estivesse vindo em câmera lenta. Ele parecia um
Deus grego, tentei desviar o olhar, mas isso era impossível.
Aproximou-se, arrumou um cacho que teimava
em cair em seus olhos, e que olhos meu Deus!
“-Desculpe-me o incômodo, mas onde você
comprou essa comida? Só vejo lanches por aqui.”
Indiquei com o dedo, pois minha voz
resolveu me abandonar.
Por
Leila Bomfim
30/03/2013
Legal! Hehe!
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